segunda-feira, 31 de março de 2014

RECOMEÇANDO...




APÓS UMA LONGA AUSÊNCIA DE POSTAGEM NESTA PÁGINA, VOLTAMOS.

 ESTAREMOS JUNTOS A PARTIR DE ENTÃO COM UMA FREQUÊNCIA BEM MAIS INTERESSANTE.

 A IDEIA É ESTARMOS JUNTOS, COMPARTILHANDO ALEGRIAS E EMOÇÕES, SEMANALMENTE. 

 UM FORTE ABRAÇO DO SEU IRMÃO EM CRISTO.

 PR. VALDIR DO NASCIMENTO.

 

 

quinta-feira, 21 de abril de 2011

POEMA DA RESSURREIÇÃO

É madrugada. Há um silêncio no ar...
Por um instante o soluço parou,
a tristeza dormiu e o pranto cessou!
Na barra do novo dia,
brilha sorridente o sol da alegria.
O ventre da terra contrai-se;
a natureza geme em santo parto.
Reuniram-se todos os átomos
da força energética da vida...
O Pai, é o parteiro presente.
Anjos e mulheres o auxiliam.
Os guardas, homens armados,
cochilam frágeis no dia.

Poderosos: sacerdotes, Herodes, Pilatos...
Com o remorso do crime no estômago, sofrem pesadelos.
O túmulo rompeu-se e a pedra rolou!
Eis que de pé, vitorioso renasce Jesus!

Do infinito parto da natureza e do céu,
Ressurge livre e vencedor o Filho amado.
Ontem torturado, morto e enterrado.               

Hoje ressurreto, vivo e coroado.
Termina enfim,
a teimosia cansativa,

entre o homem e seu criador.
Alguns lençóis, placentas inúteis,                          
restos da morte que agoniza.                                
Faixas manchadas do pecado vencido.
Voam pelo ar, no chão em festa, feito jardim,    

por onde passeia sorridente, o jardineiro imortal.
Tudo é surpresa e espanto
tudo é certeza e encanto.
Os convidados e seguidores cantam alvíssaras.
Maria, a mulher símbolo, suspira aliviada e segura.
Uma lágrima feliz terá corrido rápida
fazendo ponto final, no seu papel genial.
Por ela somos benditos também, quem não diria, Amém?
Enquanto os filhos da morte
envergonhados, insistem em combater.
De boca em boca, de casa em casa,                         

de nação em nação, corre veloz a notícia feliz:
"Jesus ressuscitou!!!"
Quem crê sai depressa, correndo
atrás de Madalena, de Pedro, de João...
A vitória será sempre da VIDA!

E cada esforço, cada luta,cada gota de sangue derramado
pela justiça não terá sido em vão...
A última palavra será:
RESSURREIÇÃO!
 (Autor desconhecido)

"Ora, o Deus da paz, que pelo sangue do pacto eterno tornou a trazer dentre os mortos a nosso Senhor Jesus, grande pastor das ovelhas vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em nós o que perante ele é agradável, por meio de Jesus Cristo, ao qual seja a glória para todo o sempre. Amém.
(Hebreus 12:20,21)


sexta-feira, 1 de abril de 2011

ANDE SOBRE AS ÁGUAS.


PARTE II. “SOBRE AS ÁGUAS COM CRISTO”.          
No ocaso de mais um dia na vida de Jesus e junto aos seus seguidores fiéis, Ele mandou que os mesmos fossem à cidade de Genezaré, do outro lado do Mar da Galiléia, e que ali esperassem por ele. Antes de ir para suas orações da noite, o Senhor ainda os viu se afastarem lentamente da margem ao sabor de uma brisa suave.
Pela manhã bem cedinho ao se levantar do seu local de oração e repouso, aguçou as vistas procurando o mesmo barquinho com os seus discípulos. Agora não mais várias jornadas de distância, ou estádios separavam o barco do ponto de partida, mas milhas de distância se interpunham entre eles e o local onde Cristo se encontrava. E Ele, Jesus, sabia não apenas por ver a tempestade desabando sobre toda a região, mas tinha plena consciência da real situação de desespero dentro da embarcação.
Ali havia insegurança diante das ondas traiçoeiras, mais ainda, um verdadeiro pavor haveria de ter-se assenhoreado daqueles homens experientes na lida com o mar, e por isso sabiam que a morte por afogamento os rondava.
Jesus haveria de estar sentindo-os em suas aflições.            Assim como a lógica humana ou a ciência não pode explicar, como a voz de uma pessoa discursando para mais de cinco mil almas a céu aberto, e sem qualquer recurso eletrônico moderno, pode enviar seus sinais a dezenas de caixas acústicas espalhadas entre a multidão, e fazer-se audível e inteligível à todos, mesmo sofrendo a interferência dos ventos e de outros fatores também naturais. Se haviam cinco mil homens, avaliemos:
Quantos desses se faziam acompanhar de suas esposas, somadas também ao número de seus filhos e filhas menores que os acompanhavam? Acresçam ainda, viúvas em idade avançada, amparadas pelos seus, em busca de uma cura para suas dores. E todos ouviram a pregação do Mestre. Circunstâncias sobrenaturais, embora que não descritas nas Sagradas Escrituras, também atestam, mesmo que de forma velada, o poder daquele que era, é, e será sempre o Senhor de todas as coisas.
Muito está escrito nas entrelinhas das escrituras, mas essas letras que não se vê, só podem ser lidas e discernidas pelos olhos daquele que têm fé, a mesma fé que transforma e informa a mente esclarecida pela Verdade; e essa Verdade é o fio condutor por onde trafega a ação do Espírito Santo que vai esclarecer a toda criatura do poder que há no Filho de Deus.
Sendo esta uma Verdade absoluta, nos resta esclarecer o que vem a ser afinal, essa tal questão sobre a fé.
Vejamos:
1º.Ela não faz parte da nossa natureza física intuitiva ou racional, nem tão pouco vive latente na psique de cada ser humano a espera de um despertamento ocasional. Não, a fé com a qual lida o povo de Deus é diferente, não é um dom natural.
2º. Ela é outorgada a quem a busca, por compreender os desígnios de Deus aos homens que a aceitam; ou então é dada a alguém pela simples vontade do Pai.
3º. Ela constrói no coração de homens simples, verdadeiros monumentos de determinação em torno de uma causa cristã; e a partir de então, cerram fileiras ao lado de Cristo realizando grandes feitos durante a vida. Portanto ela vem do alto, é sobrenatural.
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”.  (Hebreus 11:1) 

E era esse o elemento, o fio condutor que ligava Cristo, a todas as milhares de pessoas que se dispuseram a ouvir o “Sermão da Montanha”. (Mateus 14: 13-21).
Foram em busca de algo quando O seguiram. Procuraram-no para alferirem para si, o benefício da cura; e receberam.(Lucas 11:9)         
Essa maravilhosa ligação conduzida pelo Espírito Santo, só é possível entre dois pontos: Deus e o homem.
Quando não existe qualquer tipo de interferência criada pelo homem, bloqueando o trânsito da inspiração -
Deus X homem ou, homem X Deus.
Assim como as ondas de rádio (FR) podem sofrer interferências a partir de descargas elétricas na natureza, ou obstáculos que dificultem sobremaneira a sua progressão no éter, ou ainda, receptores não capacitados para receberem as mensagens de uma fonte geradora de irradiação; assim é também, a comunicação entre Criador e criatura. Não pode haver obstáculos de natureza moral ou espiritual que impeçam tal comunicação, por exemplo, como os que ocorreram com o casal adâmico no início da caminhada sobre o orbe. Escolheram cortar a comunicação direta com Deus e seguir o seu caminho de silêncio e separação.          
O pecado cometido de forma consciente é a maior barreira entre a fonte geradora de sinais que é Deus, e a “antena” receptora, o homem. Apesar desse empecilho constante, nunca as emissões de sinais foram interrompidas em direção aos homens de boa vontade.          
Em meio às agruras de uma tempestade no mar da Galiléia, houve uma interrupção de sintonia entre as “antenas receptoras” e a fonte de emissão de poder. O medo ocasional lhes embotava os sentidos, levando-os a se esquecerem da esperança e da fé no Redentor.          
Deus, revestido dos mesmos critérios magnânimos que teve para com toda a humanidade através dos tempos, providenciou para que uma fantástica mensagem de esperança, redenção e preparação da vida espiritual futura, fosse pessoalmente entregue as suas criaturas por um mensageiro divino (João 3:16).
Foi uma ação de extremo amor, doar em favor do homem o seu próprio Filho. E esse Filho, revestiu-se da natureza física humana e habitou entre nós (João 1:14). Esse portador, também ficou reconhecido como Emanuel, ou seja, “Deus conosco”, conforme o texto contido no livro do profeta Isaias 7:14 e 8:8.
Conseqüentemente, fica claro até mesmo ao discernimento mais tacanho, que, como havia prometido anteriormente, o próprio Pai desceu até nós para ajudar a humanidade em um momento de extrema dificuldade de comunicação entre o céu e a terra.          
Por essa promessa, o maior condutor de energia espiritual em prol de benefícios à humanidade, desceu da montanha onde passara a noite em oração, e foi aplicar os reparos necessários para restabelecer a comunicação que havia sido interrompida entre Ele e seus discípulos. Naquela situação, o medo foi o fator de quebra de comunicação entre Cristo e aqueles homens. Embora a interferência fatal estivesse diretamente ligada a ação de águas, ventos e eletricidade, o defeito estava localizado exatamente na mente dos elementos receptores, pois aquele sentimento nefasto (o medo), os alijava do raciocínio espiritualizado de fé absoluta no Senhor mesmo diante das maiores agruras. E isso os separava da fonte de poder. Havia se rompido no “coração” de cada um daqueles navegadores, um pequeno filamento que conhecemos por fé. E a partir de então, só uma interferência direta iria reparar os danos causados pelo medo.           
Fazendo uso da “licença poética” para versar sobre o conteúdo do Livro Sagrado, e assumindo os cuidados de não alterar seu texto original, fecho os olhos e abro mente e consciência cristãs, para “ver” que, naquela manhã turbulenta, pacientemente, Jesus foi descendo com cuidado a encosta vencida no dia anterior, e chegando a praia, não parou; continuou em direção às águas e adentrou ao mar, caminhando.          
Iniciava-se ali, mais uma jornada sobrenatural pela missão de redirecionar para si, a fé de um grupo de homens esquecidos de Deus, em meio ao pavor que se apoderara de cada um. O poder que transcende a compreensão do cético, operava radiosamente naquela vida divina, pois ia além até mesmo da compreensão dos que O conheciam e amavam. Radiante, continuava vencendo a distância que o separava dos seus para, ato contínuo, estar caminhando exatamente a poucos metros da embarcação a ponto de vê-los na faina e aflição dos esforços para continuarem vivos. Vento e água agora violentos tentavam impedir o progresso no avanço daquela figura sobrenatural. No início de um dia nebuloso e frio, era difícil enxergar alguma coisa poucos metros adiante da nau.
Repentinamente, um dos homens exaustos pensou ter visto alguém andando sobre a superfície do mar. Duvidoso, firmou sua vista na direção em que olhara e gritou! Foi um urro de pavor o que saiu daquela garganta ressequida e alertou os demais, que prestaram atenção na direção em que o colega apontava aterrorizado. O que viram foi uma figura indefinida em meio a nebulosidade, por causa da chuva que dificultava a visão... - O que seria aquilo? Assemelhava-se a um homem que caminhava parecendo querer passar à frente deles e seguir adiante. O terror se apoderou de todos.
Nesse instante de suas vidas se achavam completamente fora de sintonia com a mente do Mestre. Viviam ali então, somente a realidade do caos que suas razões físicas e dominadas pelo pavor os induzia. A única realidade que podiam compreender movidos pelo medo, foi expressa em gritos medonhos, afirmando: - É um fantasma! E aterrados, continuavam gritando e apontando para a visão.          Entretanto o Senhor dos mares, da vida e da esperança, virando o rosto para olhá-los ergueu suas mãos em direção aos gritos e anunciou: -Tende bom ânimo! Sou eu! Não temais!
Foi quando então entre desespero e alívio, medo e um novo alento de esperança, reconheceram Cristo andando sobre as águas agora em direção a eles.
Foi quando alguém gritou: - É o Mestre!
Entre a realidade do pavor instalado na mente, a constatação definitiva do incerto e o surgimento de uma esperança se interpõem um espaço de tempo, que pode ser avaliado visualmente a partir das reações expressadas pela pessoa.
Entre a instalação do desespero e a acomodação emocional final, ocorre uma ação fantástica no corpo. É quando o hormônio chamado adrenalina ou epinefrina, que é secretado pelas glândulas supra-renais nos momentos de “stress”, explode.
Esse hormônio é jogado na corrente sanguínea e sob esse comando, rapidamente o corpo inicia ações como se praticasse uma auto defesa, se preparando para esforços físicos acentuados. Essa ação vai estimular o coração, aumentar a pressão arterial e contrair a grande maioria dos músculos, acelerando os batimentos cardíacos, elevando também o nível de açúcar no sangue, entre outras ações. Tudo isso contribui para que o corpo esteja em total estado de alerta diante de uma grande dificuldade. Uma das causas que pelo lado psicológico pode estimular e desencadear a ação da adrenalina, é o medo. Durante essa ação interna do corpo, o cérebro, em um lapso de tempo, reagrupa conjecturas ou possibilidades para em seguida, aceitar a realidade de que pode haver uma melhora. Em um ínfimo espaço de tempo, ocorre tudo isso. A mente do apóstolo Pedro parece ter ficado paralisada nesse espaço de tempo. Dividido entre pavor instalado X esperança, retruca:
- Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo por sobre as águas!
O tempo requerido pela mente entre a instalação do pavor, a constatação de uma nova realidade e a satisfação de um sentimento de esperança, nos leva a crer que aquele homem já havia reconhecido e compreendido a nova situação em que agora se encontrava. Entretanto, percebe-se que a acomodação dos sentimentos conturbados daquela noite, o compelia mais a “procurar colo”, do que exatamente constatar quem ali estava de braços abertos para eles em meio ao mar.
Era certo que não precisava mais de uma comprovação real e definitiva sobre os acontecimentos. Se encontrava agora, entre a segunda e a terceira fase do equilíbrio mental satisfatório.          
Cristo bem sabia quem estava lhe falando, quem estava ainda levantando dúvidas desnecessárias e buscando provas sobre sua presença. Mesmo que de forma sobrenatural bem perto deles, era aquele mesmo discípulo tão desconfiado quanto amado pelo Mestre.
Era essa a sua natureza, e era o mesmo que reagira negativamente no dia anterior, quando o Senhor lhe mandara distribuir cinco pães e dois peixinhos para alimentar a milhares de pessoas com fome. Era o mesmo que por ocasião da prisão de Cristo, cortaria a orelha de Malcon, servo do templo.
Jesus lhe disse: - Vem!          
Determinação: É a ação de determinar ou ordenar.        
Convicção: É a certeza de um fato do qual se tem apenas provas morais, ou; a convicção existe a partir da certeza adquirida por demonstrações.          
Se Jesus Cristo era naquele momento o pólo determinador, logo, Pedro  seria o pólo convicto... ou deveria ser!          Entre determinação e convicção também existem diferenças e uma distância entre ambas para ser entendida. Naquela situação, após o “vem” com total determinação por parte de Cristo, a ação movida pelo apóstolo, imbuído de uma convicção dúbia gerada pela desconfiança, a distância entre essas ações, pode ser medida pelo tempo que demorou em formular a interrogação e receber a resposta.          
Em nossos dias, qual é o tempo que uma pessoa comum demora, entre; ouvir a palavra de salvação por parte de Deus exarada nas Escrituras, e exercer por vontade própria a determinação de ir até Cristo, aceitando-o como Salvador?
Esse espaço criado pela mente do homem, pode ser a maior armadilha em sua vida, pois nesse espaço de tempo ele pode perdê-la, sem ter alcançado Cristo e não ter tempo para salvar a sua alma. Foi nessas circunstâncias que Pedro levantou uma perna e a transpôs para fora do barco. Fazendo o mesmo movimento com a outra, sentou-se na amurada e projetou o peso do seu corpo sobre a superfície da água. Não deve ter largado da amurada sem antes dar uma rápida olhada para trás buscando nos olhos dos companheiros um sinal de aprovação para o que estava fazendo. Estava ainda vivendo naquele espaço de tempo mais perigoso da sua vida. Mas Pedro deveria sim, estar muito mais interessado em olhar para a frente e diretamente nos olhos que não o perdiam de vista um só momento. Mais uma vez, sem que para isso precise fazer qualquer esforço mental, sinto na expressão do Mestre aquele imperceptível sorriso em seus lábios, emoldurados de uma grande paixão pela criatura. O concerto precisava ser realizado. O mar encapelado ainda rugia fazendo um dueto com o forte vento que molhava e sacudia as vestes, barba e cabelos daquele homem. E Pedro andou por sobre as águas como pedira.         
De início, com o peito cheio de certeza ou talvez até mesmo imbuído de uma grande convicção por poder chegar pertinho do Mestre, foi caminhando... O mar se tornara repentinamente traiçoeiro, o sobe e desce das ondas repetidamente lhe causava certa dificuldade no andar. Levantando os olhos, já divisava sem qualquer dúvida, a figura do Senhor. Percebeu o barco a uma distância maior, Jesus o esperava pacientemente em um ponto adiante. 
Alguma forma de contato ou comunicação espiritual por mais fraca que fosse ali, já estava se restabelecendo antes mesmo daquele homem sair de dentro do barco. Havia uma retomada de sintonia entre eles. O homem sentia que era bom e agradável olhar para frente e constatar naquele rosto divino,  o brilho da confiança que  irradiava, dando-lhe a condição necessária para guiá-lo para junto de si.           Talvez Pedro em algum momento tenha percebido que seus pés estavam molhados, olhou para baixo prestando atenção na instabilidade do leito líquido onde pisava. E o vento estava tão forte! Havia desviado os olhos da pessoa de Jesus e a insegurança se apossou de sua mente; teve medo e imediatamente viu seus pés desaparecerem e notou apavorado que seus joelhos já estavam quase submersos: estava afundando!         
É nesse instante que se compreende a distância entre quem determina e quem está realmente convicto de sua decisão. Percebendo que nesse espaço poderia perder a vida, instalou-se o medo em seu coração. Ciente do perigo que estava correndo e sentindo-se sem qualquer alternativa senão pedir socorro, olhou para frente e gritou: -Salva-me Senhor, pois pereço! Para em seguida, sentir uma mão forte e salvadora fechar-se em torno de seu braço e puxá-lo para cima, permitindo que se firmasse na superfície.       
O final dos reparos, aqueles concertos necessários ao espírito e consequentemente na fé de cada um, então se fez definitivamente a partir das palavras duras e orientadoras vindas do Mestre: - Homem  de pequena fé, por que duvidaste?        
Essas palavras foram suficientes para fazer a todos estremecer, e com isso concluir qualquer reparo que ainda se fizesse necessário naquelas vidas. Restabelecido o processo de comunicação inter mentes, os andarilhos marítimos retornaram caminhando ao barco onde foram recebidos e ajudados a subir, com o entusiasmo que só corações bem intencionados e exultantes podem expressar. Gritaram: em coro: - Verdadeiramente és o Filho de Deus!Você também pode andar sobre as águas! Essa possibilidade está diretamente relacionada à proporção da sua fé. 

segunda-feira, 7 de março de 2011

ANDE SOBRE AS ÁGUAS.

PARTE I. “Na montanha com Cristo
          
E tudo começou quando Jesus alquebrado por constatar a vileza arraigada no homem; e embora ligeiramente fatigado ao antever, o quanto que ainda teria que fazer exercer na sua labuta aqui na terra para trazer aos seus habitantes uma nova e radiante oportunidade de remissão de todas suas fraquezas, subiu em um barco e costeando as margens do mar da Galiléia, procurava um lugar onde pudesse estar a sós com o Pai celeste, em um diálogo de intimidade suprema. 
Quem sabe estaria naquele momento com todo o peso da humanidade sobre seus ombros! Carecia e muito então, dividir esse peso nefasto com alguém de sua inteira confiança e conhecimento. E foi assim, navegando para em seguida caminhar buscando um cantinho reservado para essa reunião santa e prazerosa; ledo engano. Descobriu não estar só. Continuava sendo seguido por um grande número de pessoas.
As mazelas daquele mundo o seguiam igualzinho a elementos ferrosos atraídos por um imã. Assim era que um grupo bastante numeroso de pessoas, acompanhavam atentos os movimentos do barquinho, buscando estar exatamente bem junto dele quando ancorasse em uma praia qualquer.
E assim foi que, retornando Jesus à terra firme viu-se cercado pela multidão carente. Absolutamente necessitada de tudo. No peito de cada pessoa alí, estava posto um vazio incontido que precisava ser preenchido com esperança, e mais, queriam poder achar credibilidade em algo a mais do que o comum que os cercava. Necessitavam na verdade encontrar um motivo para ter fé. A mesma fé que bem sabiam, poderia transformar suas vidas vazias e desprovidas de qualquer espectativa de melhora, tanto social quanto espiritual. Suas enfermidades os compungiam a buscar mais que uma cura física, os impulsionava a buscarem o verdadeiro Messias anunciado pelo profeta Isaias. Careciam e muito de Jesus Cristo. E O buscavam.
Grandes acontecimentos se fez naquele lugar então. Parecia ter os céus com seus anjos e potestades escolhido tal cantinho para uma “Festa de Milagres”. E com certeza foram momentos radiantes!
Posso antever homens, mulheres ou mesmo crianças, desprovidos da visão desde o nascimento, tendo as mãos milagrosas de Cristo acariciando seus rostos sofridos e, repentinamente, vislumbrando um mundo cheio de luz em profusão.
Ficavam até momentaneamente sem definirem imagens corretamente pois, o excesso de claridade os faziam cobrir os olhos com as mãos, assustados com a dor repentina gerada pela luz que se infiltrava vorazmente olhos à dentro, por ter encontrado 
subitamente, a íris descuidadamente aberta.
Entretanto, o organismo imediatamente fazia a correção,
bloqueando a abundância de luz e  trazendo alívio físico às mentes assustadas, para logo em seguida cada uma daquelas vidas sofridas pela longa estada na escuridão, definirem formas e cores, entrando então definitivamente naquele mundo do qual estavam separados por um descuido da natureza.
A “festa” continuava, não havia espaço para descanso daquele em quem a plenitude do Espírito de Deus abundava. Já agora, um coxo choramingando por uma bênção em sua vida, clamava ao Filho do Homem pela sua misericórdia para que o fizesse andar. E logo em seguida andando trôpego pela falta de firmeza em suas pernas,  seguia com um misto de medo e surpresa no rosto; convicto de onde viera o milagre em sua vida, apontava em direção a Jesus.
De milagre em milagre, a multidão ia se desfazendo de seus males físicos e, concomitantemente, firmando-se em uma fé nunca dantes vista ou sentida nos seus corações sofridos, almas iam se salvando pelo simples exercício de passarem a crer que alí estava o Messias. Verdadeiramente não se apercebiam de que o maior milagre se operava dentro de seus corações, ao brotar em cada um então, a verdadeira fé. A fé que salva, redime e purifica o homem do pecado, trazendo-o de volta para perto do Deus vivo de onde provém o único socorro.
A labuta de Cristo continuava pelo dia a fora. A certa altura, intervieram seus discípulos trazendo, o que? Dúvidas, no que eram pródigos!
No final daquele dia, quase cinco mil homens (sem que se contassem mulheres e crianças), se acotovelavam para ouvir, sentirem a presença do Mestre e serem curados. Entretanto, a preocupação maior dos “alunos” era justamente com a alimentação de tão grande multidão. Por isso, sugeriram a Jesus que dispensasse a multidão, para que fossem buscar o alimento onde encontrassem. Chegara a hora de Jesus operar também um milagre na vida de cada um dos que compunham o seu grupo de seguidores mais próximos.
Foi quando respondeu: - Dai-lhes de comer!
Que absurdo estava ocorrendo ali? Devem ter pensado alguns dos discípulos. Quem sabe o apóstolo Pedro, imediatamente se
exasperou e tentado mostrar ao Mestre essa impossibilidade, visto que tinham em seu poder, somente cinco pães e dois peixinhos. Isso mal daria para alimentar o seu próprio grupo!
Certamente fraquejaram naquele momento! Quem havia a pouco curado de maneira fantástica a centenas de enfermos, certamente deveria gozar de uma credulidade maior por parte dos seus. Duvidaram do próprio Mestre que já a algum tempo os instruía nos caminhos da fé.
Com a sua usual paciência lhes disse: - Trazei-mos.
Diante de um grupo estupefato de discípulos, ordenou que a multidão de sentasse sobre a relva para em seguida, tomar nas mãos aqueles elementos; e erguendo-os em direção aos céus,  abençoou-os e ordenou que os distribuíssem fartamente dentro de cestos. Como se esse poderoso milagre realizado não bastasse, Cristo permitiu, como para sintetizar a abastança que deveria cada um ter na sua fé, que sobrassem 12 cestos repletos de alimento.
Somados todos os acontecimentos daquele dia, a multidão em júbilo, mas também em polvorosa, buscava levar consigo a Jesus Cristo e coroá-lo rei. Fica claro que nem todos ali haviam compreendido tudo que viram e ouviram no sopé daquela montanha que abrigara tamanha multidão naquele dia. 
Dispensando a todos, ordenou em seguida para que seus discípulos entrassem num barco e atravessassem o mar da Galiléia e fossem para Genezaré. Retirou-se sozinho para orar.
Hoje, à luz de uma atenta observação imparcial, nota-se que durante todo o Sermão da Montanha registrado no livro de Mateus, não ocorreu qualquer interferência dos discípulos, exceto aquela no final do dia. Ao final de tudo, antes de se retirar para orar, parece-nos que Jesus tinha em mente, uma grande lição para aplicar aos seus seguidores, como que para complementar o que haviam presenciado naquele dia de grandes ensinamentos. Eles particularmente, careciam de mais aplicações práticas de ensinamentos, pois, o mestre havia constatado que após tudo, ainda ousaram duvidar. 
Por quais prodígios deveriam ainda passar ou presenciar, para terem em sí a plena convicção de uma fé inabalável em seu Salvador? Quem sabe ainda seria necessário andar descalço sobre brasas ardentes ou então, caminhar sobre águas revoltas?
Seus discípulos já estavam à beira-mar, desatracando o barco e soltando as velas que ao sabor do vento enfunavam-se, aplicando um suave movimento de tração à embarcação que aprumava seu curso para alcançar a outra margem, em busca da localidade a qual o Mestre lhes havia ordenado que fossem.
Finalzinho de um dia glorioso. Jesus, agora sozinho, subia sem pressa um breve aclive da montanha, procurando um abrigo natural na encosta para se isolar de tudo e de todos. Já alcançara aproximadamente 50 metros de uma escalada suave e prazerosa, quando satisfeito com o recanto encontrado, voltou-se para olhar a visão privilegiada que aquela altitude lhe proporcionava. 
Ao sul, contemplou vastas campinas de um verde muito claro, manchadas ocasionalmente por oliveiras  em flor e riachos de um prata cintilante, serpenteando em direção ao mar.
Agora, com a mão  sobre os olhos, protegendo-os da claridade que vinha diretamente da outra margem do grande lago, há de ter ficado extasiado com a beleza indescritível que o seu posto de observação lhe assegurava. O ocaso de um belo dia, maculava o céu de um rubor incandescente. Era o sol, que em desespero por estar sendo vencido paulatinamente pela noite, lançava seus últimos raios de luz avermelhando a imensidão da abóboda celeste, ou então quem sabe,  reconhecendo  a magnitude de seu criador a observá-lo. Seus últimos esforços eram justamente para honrá-lo, espraiando um imenso tapete vermelho,  na esperança de que o Senhor aceitasse o seu convite e ascendesse passo à passo a sua morada celeste.
No crepúsculo vespertino, (a esse período da noite os gregos davam o nome de né-shef) quase não havia mais luz, quando Ele estreitou seus olhos em direção às águas e viu um pontinho branco perdido na imensidão, já alcançando uma distância de muitos estádios* da terra firme. Era o barco dos discípulos. 

*Um estádio (do grego stá-di-on), medida linear equivalente a ¹/8 de milha romana; a milha romana equivale a 1.479,5mt. Um estádio olímpico grego, media exatamente 192 metros.

E eu, de onde estou, exatamente a vinte e um séculos depois desses acontecimentos, tenho a nítida impressão de haver notado naquele momento um leve sorriso nos cantos dos lábio do Senhor. 
Dando as costas para o que já se tornara um manto negro, olhou em volta, ajoelhou-se e talvez nem tenha notado a saudação reverente  dos primeiros luminares da noite, que cercavam orgulhosos a lua, dando-lhe um manto de estrelas reluzentes. E esta, esperava ansiosa pela sua vez de iluminar com a sua luz emprestada, a pessoa do criador de todo o universo.
Orar, é o sublime exercício de falar com Deus. 
Na imensidão do lugar onde Cristo se prostrara para falar com o Pai, muito pouco esforço é necessário de nossa parte para antevermos as miríades de anjos enchendo o espaço, fazendo companhia ao seu Senhor. Lá pela quarta vigília* da noite, Jesus sabia em seu coração, exatamente o que se passava com os seus em meio ao mar, agora revolto.
*(Na época do domínio romano, os judeus adotaram a prática grega e romana concernente as divisões do período da noite. Jesus referia-se à elas quando alertou seu povo para estarem vigilantes em Mateus 13:35. A primeira vigília ia do pôr-do-sol até às 21,00 horas. A segunda vigília ia das 21:00 horas até a meia noite. A terceira vigília se estendia da meia noite às 03:00 horas. A quarta vigília se alongava até o nascer do sol.)
Levantando-se olhou em direção ao Mar da Galiléia. 
Novamente, percebo ter ocorrido naquele momento um quase
imperceptível sorriso nos lábios do Senhor. Uma expressão assim como quem sabe de tudo que está acontecendo, emoldurada por um semblante de paz.
A visão que se descortinava adiante era dantesca. Pesadas nuvens negras despejavam uma chuva torrencial sobre aquelas águas. Somente era possível divisar algo naquela revolta da natureza, quando relâmpagos partiam do alto rasgando o espaço até quase tocar na água, clareando momentaneamente o que houvesse ao redor. Ondas de vário metros erguiam-se desafiando qualquer
embarcação que por ventura se aventurasse em seus domínios. Era certo, mesmo para um espectador leigo, que a pequena embarcação, a mesma com aqueles homenzinhos mais corajosos do que ardorosos em sua fé, já haveria soçobrado, fustigada pelo vento impiedoso.



TEXTO BASE: MATEUS 14:13-21; 22-33.